Agora que estamos chegando ao fim desta eleição, onde sem dúvida
alguma, foi uma das mais disputadas e mais acirradas, pelo menos, que eu tenha
presenciado. Devemos analisar os pontos fortes e fracos desta campanha, bem
como tirar lições de aprendizado disto tudo.
Sem dúvida nenhuma, esta eleição arrancou
várias pessoas da zona de conforto, por exemplo: eu. Durante anos fiquei calado
e guardava o voto em segredo. Vários amigos meus se manifestaram, saíram pra
rua, substituíram suas fotos pelas fotos dos candidatos que apoiavam nas redes
sociais. Alguns se revelaram intransigentes, outros marketeiros natos e outros,
se revelaram excelentes pesquisadores. A cada dia que passava, ou a cada amigo
que se declarava, parecia impulsionar outro a se manifestar. Confesso que nunca
vi esta reação, ao menos, nada tão forte e parecido.
Os debates nas redes sociais foram
emocionantes, eram amigos comuns, tentando convencer um ao outro, as vezes com
ignorância, outras com simpatia e outras com muita tática de negociação. A cada
novo debate entre os políticos, a cada novo factoide, a cada nova noticia, uma
rodada nova de negociação ocorria. As pessoas lutavam por meio de textos, fotos
e vídeos, na busca de desqualificar ou de mudar a opinião do outro.
Aos poucos se tornou uma guerra de
emoções. Digo isto, pois no início, o PT, que não é novidade para ninguém,
tinha o domínio disto. Porém com o andar da eleição, talvez por tantas mentiras
e agressões de ambos os lados, mas com maior ênfase da parte de Lula e da
Dilma, foi modificando os candidatos do Aécio, que ao meu ver, na sua grande
maioria, não defendiam o PSDB e sim um projeto de reconstrução do País. As
pessoas passaram a ver no Aécio uma oportunidade de mudar nossas vidas. A razão
começou a tomar conta e o coração deu espaço para aceitar o novo. Acredito que
nem o Aécio imaginava terminar assim.
Não consigo prever o resultado de amanhã,
mas entendo que, seja quem for o vencedor, terá uma grande batalha pela frente.
O Brasil não será mais o mesmo, as pessoas acordaram de fato e estão dispostas
a lutarem por seus direitos e sonhos. Engana-se quem pensa que a Dilma
ganhando, será um sinal de que os desvios e roubos estão liberados, que eles
continuarão fazendo o que sempre fizeram, ou que tudo voltara ao normal. Dificilmente
o que foi despertado, será dissipado rapidamente. O canal foi criado, as
pessoas aprenderam o caminho e de certa forma, gostaram de discutir política.
As redes sociais, Youtube, Facebook,
Twitter, Google+, Linkedin, dentre outras, se mostraram uma ferramenta de
pesquisas e de comunicação de massa. É fato que as pessoas se soltam atrás de
seus computadores, tabletes e celulares, fazendo comentários verdadeiros e sem
medo. Mensagens e brincadeiras tornam os textos divertidos, envolvendo qualquer
um, preto, branco, presidente, diretor, faxineiro, auxiliares, médicos,
economistas, profissionais ou não, de uma maneira geral.
As outras eleições acabavam e tudo volta
ao normal, mas esta, com certeza não será assim, ao menos de imediato. O
segundo lugar nunca teve tanta importância como terá agora. Este Representará a
outra metade dos eleitorados e se mantiver contato, assim como aconteceu com o
Lula, voltará sempre mais forte, cativando cada vez mais pessoas para seu
projeto.
Sendo assim, destaco como ponto forte o envolvimento
da sociedade, mostrando sua cara. Fico imaginando que, se o Cazuza estivesse
vivo, estaria comemorando, pois parece que os cidadãos brasileiros ouviram
mesmo a sua música: "Brasil mostra sua cara, quero ver quem paga, pra
gente ficar assim. Brasil, qual o teu negócio, o nome do teu sócio, confia em
mim".
Os pontos fracos são muitos, mentiras,
dados estatísticos adulterados ou forjados, manipulações de informações,
suspeitas de compras de pesquisas eleitorais, brigas entre eleitores, agressões
entre candidatos e exagero de informações falsas. Faltou debates de ideias e de
propostas, uma construção de um plano que envolva a sociedade para uma mudança
política e cultural do país.
Não foi nada agradável, ver pessoas se
vendendo por tão pouco, por um almoço, viagem e mais R$ 50,00. As pessoas
vestiam as roupas dos candidatos e se dirigiam para os comícios eleitorais,
outros diziam que votaria em alguém para forjar o resultado das pesquisas.
Outros lutavam para manter o bolsa família, minha casa minha vida e Pronatec,
por medo do que ocorreria se a oposição ganhasse. Também não foi nada agradável
ver as estatais serem utilizadas como currais eleitorais, divulgando o seu
candidato e informações falsas para assustar os menos favorecidos de informações.
Análise Crítica do Brasil como um Processo, sem buscar culpados
Era comum os Petistas dizerem entre uma
mensagem ou outra, de que a maioria dos eleitores que votavam na Dilma (ou
melhor dizer, no Lula), não tinham tempo para ver ou não tinham acesso as redes
sociais. O pior é que as notícias não eram dadas nos jornais, revistas e
televisão. Quando algo era vazado, era de forma tão resumida, que deixa dúvidas
para qualquer um dos dois lados.
Se não fosse os escândalos da Petrobras,
do Banco do Brasil e a falta de água, não teríamos metade do efeito de
discussão que tivemos, pois foram estes os principais temas, que aos poucos
foram sendo direcionados para saúde, segurança, educação, tecnologia, logística
e infraestrutura.
Acredito que não seja novidade para
ninguém em quem votarei amanhã, por enumeras justificativas, que já dei, porém
não será nenhuma surpresa se a Dilma ganhar. Mas quero deixar registrado que
manterei firme e operante a minha luta por um país mais justo e que tenha mais
a minha cara, sem faltar com o respeito a todas as demais opiniões.
Que Deus nos abençoe amanhã e que o Brasil
saia mais forte do que entrou nesta eleição.
Ronaldo Damaceno
26/10/2014
26/10/2014
ronaldodamaceno@hotmail.com
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