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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Como viver em um País com opiniões divididas

Saber perder não é uma tarefa fácil, principalmente quando a derrota não é de curto prazo. Os brasileiros adeptos das propostas apresentadas por Aécio Neves, que como eu, questionavam a legitimidade do governo, a falta de transparência e a indecência de tantas denúncias, com algumas confirmações de desvios do dinheiro público, não conseguem renovar a esperança em uma candidata que está atolada nestas falcatruas.

Os Petistas decentes, pois nem todos estão corrompidos, precisam compreender que a manutenção desta ideologia, defendida há tantos anos, de um país mais justo, de igualdade, de oportunidades, foi terrivelmente atingido nesta eleição. A campanha passou do tom, transformando em uma guerra de factoides e de mentiras. Fica difícil acreditar que depois de tantos atentados à democracia, se consiga estabelecer uma harmonia para construir um novo ciclo de governo.

A derrota não foi de um candidato, mas sim, de mais da metade da população brasileira, digo isto, pois o número de pessoas que votaram no Aécio Neves, somadas com os brancos, nulos e aqueles que não compareceram às urnas, sem medo de errar, ultrapassam os 51% dos votos válidos concedidos a Presidente Dilma. Não obstante, a maior fatia do PIB nacional, que mantem este País funcionando, garantindo os benefícios que o Governo Federal tem orgulho de falar que dá ao povo mais necessitado, foi ignorado nesta eleição. A divisão que o Brasil acordou hoje, não é benéfica para ninguém, ao contrário, ela desperta um sentimento de injustiça, de ingratidão e principalmente, de desigual.

Os mais poderosos talvez sofram menos, pois podem investir em outros locais do mundo, ou até mesmo no Brasil, mas com a atual insegurança, cada vez menos. A classe média, que já é sacrificada por anos neste país, não tem muito o que fazer, exceto viver as margens da Lei, deixando de recolher seus impostos. Já os mais pobres, como diz a humorista da Praça é Nossa, “O coitado”. Estes terão que pagar o que não possuem. Como sonhar com um benefício, se a receita está comprometida? Como comprar se sua receita se transformou em pó? Por fim, como o governo garantirá seus compromissos, se os brasileiros não conseguem pagar seus impostos?

Alguns amigos Petistas, diziam nas redes sociais, que o mais forte venceu, outros, ofereciam a Represa da Cantareira para que os Tucanos chorassem. Tudo parecia uma derrota de futebol, ou uma perda da Copa do Mundo. As pessoas não perceberam a gravidade do negócio. Simplesmente comemoravam o ponta pé inicial do desastre econômico do País.

Meu desabafo é a constatação de vários estudiosos do futuro do Brasil, que como eu, estão buscando esperanças no fundo da alma, para voltar a enxergar oportunidades. O Brasil como nunca, precisa de um novo sonho, de um novo projeto, mesmo que oferecido pela Dilma. Precisamos respirar sem ajuda de um respirador ou de um cilindro de oxigênio.

Por mais que possa parecer um choro de quem perdeu, de uma pessoa decepcionada, ou de um fanático, como alguns podem pensar, não é. A divisão estabelecida é muito forte e na história, não lembro de nenhum País que conseguiu sobreviver a um processo como este. Todos os países que enfrentaram este cenário, estão sofrendo até hoje, dentre eles, Coreia do Sul e Coreia do Norte, Alemanha, Rússia. Alguns até estão quebrando os muros da divisão, mas sobre muito sofrimento, preconceito e principalmente, com maior nível de desigualdade.

É hora de revermos o Brasil, deixar nossas preferências de lado e discutir soluções capazes de quebrar barreiras, principalmente, buscar uma solução conciliadora que dê condições para a Dilma fazer alguma coisa. Precisamos colocar o Brasil em primeiro lugar e lutar como nunca pelo seu desenvolvimento. Ninguém vai ganhar se mantermos este cordão imaginário. Precisamos ser mais fortes do que os poderosos que estão nos submetendo ao abismo.

Eu amo o Brasil e sua diversidade, amo as pessoas e as diferenças que cada um possui. Estou acostumado a ver com otimismo as dificuldades que atravessamos e como somos capazes de sacudir a poeira e traçar uma nova rota. É nisto que estou apostando, é isto que pretendo fazer. Porém não acredito que isto seja possível apenas com a boa vontade dos cidadãos brasileiros, é preciso que o poder se manifeste, dê o primeiro passo e principalmente, saía do pedestal, mostrando com firmeza de que pretende reconstruir a unificação do povo brasileiro.



Ronaldo Damaceno
São Paulo, 27/10/2014

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