Nos últimos anos publiquei diversos artigos e pensamentos. Alguns de cunho profissional, outros sobre o que desejo e até mesmo, sobre política. Confesso que nada foi planejado. Foi apenas uma vontade de revelar o que estava sentindo e pensando, naquele momento, pura intuição sem nenhum propósito. Hoje não está sendo diferente. Na verdade iniciei uma faxina geral, com objetivo de jogar fora o que não me serve e abrir espaço para coisas novas. Acho que o fim de ano traz esse tipo de situação, forçando a um momento de reflexão para um plano de vida. É com este pensamento, que resolvi escrever este artigo.
Em 2015 tive a coragem de dar um tempo com as consultorias, para dedicar a um projeto de direção executiva, com propósito de sentir na pele, se conseguiria executar aquilo que defendia como consultor e percebi que é mais fácil sugerir do que executar. A vida executiva exige decisões imediatas, que muitas vezes ferem o que se planejou. Dirigir uma empresa requer um desprendimento de sentimentos e filosofias prontas. É preciso abertura para aventuras, em caminhos desconhecidos. Manter a visão de futuro em meio aos acontecimentos diários é uma tarefa bastante complicada e requer uma habilidade em negociações. Não dá para conseguir algo planejado sem ter que abrir mão de alguma coisa.
A vida é dinâmica com variações diversas em áreas diferentes, sejam elas, de pessoas, processos, mercado, recursos e necessidades. Um executivo precisa estar atento a estas variações e se reposicionar na mesma velocidade que as mudanças. Confesso que chego ao fim deste ano, exausto e gratificado por ter mais acertado do que errado, mas não posso ignorar o fato, de que algumas ações que tomei, não seriam aprovadas com a visão de consultor. Talvez o que me fez ter êxito, foi o fato de separar bem os papéis e de deixar claro a todo momento o que um pensava e o que outro diria. Em diversas oportunidades, pessoas próximas ouviram está frase, como consultor diria... mas como diretor digo... foram muitos momentos de escolha de papéis que entravam em conflito.
Um dos meus projetos pessoais foi de concluir o livro que comecei a delinear em 2013, porém meu lado executivo exigiu este sacrifício, fazendo interromper este objetivo. Tive que voltar às leituras, analisar criticamente muitos indicadores e relatórios para tomar as decisões mais acertadas em pró de um resultado desejado. Aliás estas palavras se fizeram presentes em minha cabeça o ano inteiro. Nunca imaginei que a política estivesse tão presente em minha vida. É impossível gerir uma empresa sem considerar os caminhos que a política toma. E este ano, a política foi determinante nos resultados das empresas. Parecia um rolo compressor sobre os números, derrubando qualquer plano de crescimento.
Teve momentos que a vontade era de jogar uma bomba em Brasília e acabar com esta vergonha em que se tornou a política Nacional. Acredito que foi a primeira crise real para nossos governantes. Alinhar os interesses pessoais e os do cargo, tendo que abandonar a cultura da vantagem, não tem sido tarefa fácil para quem está exercendo o poder. Mudar o atual cenário requererá um grande esforço dos nossos governantes, pois eles terão de abrir mão dos interesses próprios e focar naquilo que os elegeram, trabalhar para a nação. Cumprir com o discurso e com as filosofias que convenceram as pessoas a votarem neles. Já as pessoas precisarão analisar quem está apoiando a campanha eleitoral, quem está investindo e o que a maioria do partido pretende, pois culpar os governantes não é suficiente, precisamos entender que também somos responsáveis direto, pelo resultado que estamos tendo. Fomos enganados de fato ou deixamos com que nos enganassem?
Lendo as notícias recentes, fica evidente que haviam vários indícios de que isto ocorreria. Mas estávamos sendo beneficiados e abrimos mão de julgar. Preferimos acreditar que eram intrigas da oposição ou invejosos que queriam mudar o comando. Isto ocorre o tempo todo com quem tem o poder de dirigir, seja o que for, de um carro, a uma organização ou uma nação. É preciso ter claro o local que se pretende chegar, associar a pessoas e investidores com mesmo propósito, para viabilizar os recursos necessários e obter o apoio nos eventuais desvios para ajuste de rota. É como definir o caminho em um GPS que busca a melhor rota e orienta o caminho a cada percurso.
Analisando com frieza o que estamos vivendo no Brasil, fica transparente que o propósito do PT foi atingido, chegar no poder e se manter. Porém todo projeto tem vida e precisa ser renovado para se perdurar. Eles não tiveram a humildade para restabelecer novos caminhos, preferiram ignorar os resultados e aumentar as apostas no que os levaram ao poder. Talvez a ambição do Lula em conquistar a presidência era tão grande, que ao chegar lá, se contentou com algumas realizações de campanha, que faziam parte da sua ideologia e depois passou a culpar a oposição pelo fracasso daquilo que não conseguiu botar em prática. Não obstante, apostou as fichas em Dilma que tinha o perfil mais guerreira para definitivamente implementar seus desejos, o que não contava, era que o resultado apontava uma necessidade de mudança, era preciso ajustar o caminho para obter novos resultados.
Em outras palavras, quero parabenizar os diretores que conseguem enxergar os resultados antes mesmo que eles ocorram e traçam planos, objetivos e metas para aprimora-los a cada percurso. Estou muito feliz com tudo que aprendi neste ano e com todo apoio que recebi dos investidores (clientes), colegas de trabalho (parceiros), fornecedores, amigos e familiares, pois sem os quais, tenho certeza de que não teria conseguido nada.
Estou renovado e tenho certeza que serei um novo consultor daqui para frente, pois senti nos ombros o peso de dirigir, com responsabilidade, agilidade e amor. Desejo a todos, um Feliz Natal e um ótimo 2016.
Ronaldo Damaceno